sexta-feira, 24 de junho de 2011

A CRIAÇÃO !!

A Criação




Primeiro, havia o Caos, que era o Nada do Mundo, e isto era tudo quanto nele
havia. Nem Céu, nem Mar, nem Terra - nada disto havia. 



Apenas três reinos coexistiam : o Ginnungagap (o Grande Vazio), abismo primitivo e vazio, situado entre Musspell (o Reinodo Fogo) e Niflheim (a Terra da Neblina), terra da escuridão e das névoas geladas.


Durante muitas eras, assim foi, até que as névoas começaram a subir lentamente das
profundezas do Niflheim e formaram no medonho abismo de Ginnungagap um gigantesco
bloco de gelo.



Das alturas abominavelmente tórridas do Musspell, desceu um ar quente e este
encontro do calor que descia com o frio que subia de Niflheim começou a provocar o
derretimento do imenso bloco de gelo.
 


Após mais alguns milhares de eras - pois que o tempo, então, não se media pelos brevíssimos anos de nossos afobados calendários - o gelo foi derretendo e pingando e deixando entrever, sob a outrora gelada e espessa capa branca, a forma de um gigante.
Ymir era o seu nome - e por ser uma criatura primitiva, dotada apenas de instintos, o
maniqueísmo batizou-a logo de má. 



Ymir dormiu durante todas estas eras, enquanto o gelo que o recobria ia derretendo mansamente, gota à gota, até que, sob o efeito do calor escaldante de Musspell, que não cessava jamais de descer das alturas, eis que ele começou a suar. 


O suor que lhe escorria copiosamente do corpo uniu-se, assim, à água
do gelo, que brotava de seus poderosos membros - 

e este suor vivificante deu origem aos
primeiros seres vivos. 



Debaixo de seu braço surgiu um casal de gigantes e da união de
suas pernas veio ao mundo outro ser da mesma espécie, chamado Thrudgelmir. 



Estes três gigantes foram as primeiras criaturas, que surgiram de Ymir; mais tarde, Thrudgelmir geraria Bergelmir, que daria origem à toda a descendência dos gigantes.


Entretanto, do gelo derretido também surgira, além das monstruosidades já citadas,
uma prosaica vaca de nome Audhumla, de cujas tetas prodigiosas manavam quatro rios,
que alimentavam o gigante Ymir.
 


Audhumla nutria-se do gelo salgado, que lambia continuamente da superfície, e, deste gelo, surgiu ao primeiro dia o cabelo de um ser; no segundo, a sua cabeça; e, finalmente, no terceiro, o corpo inteiro. 


Esta criatura egressa do gelo chamou-se Buri e foi a progenitora dos deuses. 


Seu primeiro filho chamou-se Bor, e, desde que pai e filho se reconheceram, começaram a combater os gigantes, que nutriam por eles um ódio e um ciúme incontroláveis.


Esta foi a primeira guerra de que o universo teve notícia e incontáveis eras
sucederam-se sem que ninguém adquirisse a supremacia. 



Finalmente, Bor casou-se com a giganta Bestla e, desta união, surgiram três notáveis deuses: Wotan (também chamado Odin), Vili e Ve. 


Dos três, o mais importante é Wotan, que um dia chegará a ser o maior
de todos os deuses. 



E, porque assim será, um dia, ele próprio disse a seus irmãos :


- Unamo-nos a Bor e destruamos Ymir, o perverso pai dos gigantes !


Os quatro juntos derrotaram, então, o poderoso gigante, e com sua morte, acabou
também a quase totalidade dos demais de sua espécie, afogada no sangue de Ymir. 



Um casal, entretanto, escapou do massacre : Bergelmir e sua companheira, 
que construíram um barco feito de um tronco escavado e foram 
se refugiar em Jotunheim, a terra dos Gigantes, onde geraram muitos outros. 


Desde então, a inimizade estabeleceu-se, definitivamente, 
entre deuses e gigantes, cada qual vivendo livremente em seu território,
mas sempre alerta contra o inimigo.



Dos restos do cadáver do gigantesco Ymir, Wotan e seus irmãos moldaram a
Midgard (Terra-Média) : de sua carne, foi feita a terra; enquanto que, de seus ossos e seus
dentes, fizeram-se as pedras e as montanhas. 



O sangue abundante de Ymir correu por toda a terra e deu origem 
ao grande rio que cerca o universo.


- Ponhamos, agora, a caveira de Ymir no céu - disse Wotan a seus irmãos, após
haverem completado a primeira tarefa.



Wotan fez com que quatro anões mantivessem a caveira suspensa nos céus, cada
qual colocado num dos pontos cardeais. 



Em seguida, das faíscas do fogo de Musspell, brotaram o sol, 
a lua e as estrelas; enquanto que, do cérebro do gigante, foram
engendradas as nuvens, que recobrem todo o céu.



Entretanto, após terem remexido a carne do gigante, com a qual moldaram a terra,
os três deuses descobriram nela um grande ninho de vermes. 



Wotan, penalizado destas criaturas, decidiu dar-lhes, 
então, uma outra morada, que não, o Midgard. 


Os seres subumanos, que pareciam um pouco mais turbulentos que os outros, foram chamados de Anões e receberam como morada as profundezas sombrias da terra (Svartalfheim). 


Os demais, que pareciam ter um modo mais nobre de proceder, 
foram chamados de Elfos e receberam como morada as regiões amenas do Alfheim.


Completada a criação de Midgard, caminhavam, um dia, Wotan e seus irmãos sobre
a terra para ver se tudo estava perfeito, quando encontraram dois grandes pedaços de
troncos caídos ao solo, próximos ao oceano. 





Wotan esteve observando-os longo tempo,
até que, afinal, teve outra grande idéia :

- Irmãos, façamos de um destes troncos um homem e do outro, uma mulher ! 


E assim se fez : ele foi chamado de Ask (Freixo) e ela, de Embla (Olmo). 


Wotan lhes deu a vida e o alento; Vili, a inteligência e os sentimentos; 
e Ve, os sentidos da visão e da audição. 


Este foi o primeiro casal, que andou sobre a terra e originou todas as raças
humanas que habitariam por sucessivas eras a Terra-Média. 



Depois que Midgard e os homens estavam feitos, Wotan decidiu que era preciso que os deuses tivessem também uma morada exclusiva para si :


- Façamos Asgard e que lá seja o lar dos deuses! - exclamou ele, que, como se vê,
era um deus de energia e vontade inesgotáveis.



Este reino estava situado acima da elevada planície de Idawold, que flutuava muito
acima da terra, impedindo que os mortais o observassem. 



Além disso, um rio cujas águas nunca congelavam - o Iffing - 
separava a planície do restante do universo. 


Mas, Wotan, sábio e poderoso como era, entendeu que não seria bom se jamais existisse um elo de ligação entre deuses e mortais. 


Por isso, determinou que fosse construída a ponte Bifrost
(a ponte do Arco-íris), feita da água, do logo e do mar. 



Heimdall, um estranho deus nascido ao mesmo tempo de nove gigantas, ficaria encarregado, desde então, de vigiá-la noite e dia para que os mortais 
não a atravessassem livremente no rumo de Asgard. 


Para isso, ele portava unia grande trompa, 
que fazia soar todas as vezes que os deuses
cruzavam a ponte.



A morada dos deuses possuía várias residências, as quais foram sendo ocupadas
pelos deuses à medida que iam surgindo. 



O palácio de Wotan, o mais importante de
todos, era chamado de Gladsheim. 



Ali, o deus supremo linha instalado o seu trono mágico, Hlidskialf, 
de onde podia observar tudo o que se passava nos Nove Mundos e
receber de seus dois corvos, Hugin (Pensamento) e Muniu (Memória), 

as informações trazidas das mais remotas regiões do universo.


Entretanto, se na mais alta das regiões estava situado o paraíso daquele soberbo
universo, nas profundezas da terra, muito abaixo de Midgard, 

estava o Niflheim, o horrível e gelado reino dos mortos. 


Lá pontificava a sinistra deusa ú, filha de Loki, que se regozija
Com a fome, a velhice e a doença, e que tem i lado a serpente Nidhogg. 



Esta se alimenta dos cadáveres dos mortos e se dedica a roer 
continuamente uma das raízes da grande árvore Yggdrasil, um freixo gigantesco que se eleva por cima do mundo e deita suas raízes nos diversos reinos, 
entre os quais, o próprio Asgard. 


Ao alto da copa frondosa
desta imensa árvore, sobrevoa uma gigantesca águia, 

que vive em guerra aberta contra a serpente Nidhogg. 


Um pequeno esquilo - Ratatosk -, que passa a vida a correr desde o
alto da Árvore da Vida até as profundezas onde está a terrível serpente, 

é o leva-traz dos insultos que estas duas criaturas se comprazem 
em trocar sem jamais esgotar seu infinito estoque de injúrias.


Nesta árvore fundamental, diz a lenda que o próprio Wotan esteve pendurado
durante nove longas noites, com uma lança atravessada ao peito, para que pudesse
aprender o significado oculto das Runas, o alfabeto nórdico, que rege e governa a vida
dos deuses e dos homens. 



Quando seu martírio terminou, Wotan havia se tornado,
definitivamente, o mais poderoso e sábio dos deuses, 

tendo o poder de curar doenças e de derrotar os inimigos 
com sua poderosa lança, Gungnir - ao mesmo tempo, sua mais
poderosa arma e local de registro de todos os seus acordos.



Yggdrasil é o centro do mundo, e, enquanto suas raízes continuarem a suportar o
peso de seu prodigioso tronco e de seus ramos infinitos, o mundo 

estará firme e a vida será soberana, sob os auspícios de Wotan, senhor dos deuses.















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