quarta-feira, 22 de junho de 2011

MAIS SOBRE APOLO !!





Apolo (em grego: πόλλων, transl. Apóllōn, ou πέλλων, transl. Apellōn) foi uma das divindades principais da mitologia greco-romana, um dos deuses olímpicos.

Filho de Zeus e Leto, e irmão gêmeo de Ártemis, possuía muitos atributos e funções, e possivelmente depois de Zeus foi o deus mais influente e venerado de todos os da Antiguidade clássica.

As origens de seu mito são obscuras, mas no tempo de Homero já era de grande importância, sendo um dos mais citados na Ilíada. Era descrito como o deus da divina distância, que ameaçava ou protegia deste o alto dos céus, sendo identificado com o sol e a luz da verdade.

Fazia os homens conscientes de seus pecados e era o agente de sua purificação; presidia sobre as leis da Religião e sobre as constituições das cidades, era o símbolo da inspiração profética e artística, sendo o patrono do mais famoso oráculo da Antiguidade, o Oráculo de Delfos, e líder das Musas.

Era temido pelos outros deuses e somente seu pai e sua mãe podiam contê-lo.

Era o deus da morte súbita, das pragas e doenças, mas também o deus da cura e da proteção contra as forças malignas.

Além disso era o deus da Beleza, da Perfeição, da Harmonia, do Equilíbrio e da Razão, o iniciador dos jovens no mundo dos adultos, estava ligado à Natureza, às ervas e aos rebanhos, e era protetor dos pastores, marinheiros e arqueiros.

Embora tenha tido inúmeros amores, foi infeliz nesse terreno, mas teve vários filhos.

Foi representado inúmeras vezes desde a Antiguidade até o presente, geralmente como um homem jovem, nu e imberbe, no auge de seu vigor, às vezes com um manto, um arco e uma aljava de flechas, ou uma lira, e com algum de seus animais simbólicos, como a serpente, o corvo ou o grifo.

Apolo foi identificado sincreticamente com grande número de divindades maiores e menores nos seus vários locais de culto, e sobreviveu veladamente ao longo do florescimento do cristianismo primitivo, que se apropriou de vários de seus atributos para adornar seus próprios personagens sagrados, como Cristo e o arcanjo São Miguel.

Entretanto, na Idade Média Apolo foi identificado pelos cristãos muitas vezes com o Demônio.

Mas desde a associação de Apolo com o poder profano pelo imperador romano Augusto se originou um poderoso imaginário simbólico de sustentação ideológica do imperialismo das monarquias e da glória pessoal dos reis e príncipes.

Seu mito tem sido trabalhado ao longo dos séculos por filósofos, artistas e outros intelectuais para a interpretação e ilustração de uma variedade de aspectos da vida humana, da sociedade e de fenômenos da Natureza, e sua imagem continua presente de uma grande variedade de formas nos dias de hoje.

Até mesmo seu culto, depois de um olvido de séculos, foi recentemente ressuscitado por correntes do neopaganismo.



Origens

Era chamado pelos gregos de Apollon ou Apellon, pelos romanos de Apollo e pelos etruscos de Apulu ou Aplu.

A origem do nome Apolo é incerta, bem como a de seu mito.

Apolo é um nome que não tem paralelos claros em outras línguas indo-européias, e é o único deus olímpico que não figura nas cerca de mil tabuletas conhecidas escritas em Linear B, uma fonte de dados sobre a Grécia na Idade do Bronze.

Embora essa omissão possa ser apenas casual e achados arqueológicos futuros possam trazer outras conclusões, em termos estatísticos permanece uma evidência significativa, o que aponta para uma origem possivelmente oriental e uma chegada à Grécia em período relativamente tardio.

Graf sugere as seguintes hipóteses para sua origem: ele pode ter sido uma divindade indo-européia, presente mas não documentada na Idade do Bronze grega, ou foi introduzido após a Idade das Trevas grega, ou proveio do Oriente Próximo, possivelmente da Anatólia ou da região semita.

Para Plotino seu nome significava a negação da pluralidade: "não-muitos", acresentando que para os pitagóricos significava o Uno.

Plutarco seguia nessa linha dizendo que os pitagóricos associavam nomes divinos aos números, e que a Mônada era identificada com Apolo.

Platão também pensava de forma semelhante, ligando Apolo com "o simples", e "o verdadeiro".

Burkert sugeriu que deriva de "manter uma assembléia sagrada", o que Nagy considerou plausível, baseado no que Hesíquio de Alexandria também referira, mas essa etimologia foi rejeitada por Frisk, Chantraine e Dietrich, que consideram a origem do nome simplesmente desconhecida.

Bernal apresentou a hipótese de que derivou de Hórus, deus solar egípcio, através de adaptações fonéticas intermédias na Fenícia.

Heródoto dizia que Apolo e Hórus eram o mesmo deus.



Seu mito

As primeiras referências literárias a Apolo se encontram em Homero, na própria fundação da literatura grega.

E neste momento o deus já aparecia tão carregado de atributos que o poeta considerava difícil escolher por onde começar seu elogio.

Como fica evidente, apesar das incertezas sobre a origem do mito e da ausência de documentação anterior, no século VIII a.C. ele já estava consolidado.

Apolo é citado na Odisséia, é o foco de um dos Hinos Homéricos, e é um dos deuses protagonistas na Ilíada, e dessas fontes provêm as primeiras descrições de sua história.

Na Ilíada Apolo se coloca contra os gregos, e luta pelos troianos.

Ele surge para vingar o ultraje a seu sacerdote Crises, cuja filha Criseida havia sido capturada por Agamemnon, e já aparece mostrando algumas das facetas de seu caráter, a belicosidade e violência de que era capaz, e seus atributos de causador e curador de doenças, semeando a peste entre os soldados gregos, e derramando sobre eles seus raios de fogo como uma chuva de flechas certeiras.

Para aplacá-lo, não apenas Criseida foi devolvida a seu pai, mas os gregos tiveram de oferecer ao deus "uma perfeita hecatombe de touros e cordeiros", além de cantos e danças. Satisfeito, suspendeu a praga.

Também Apolo foi o responsável pelo antagonismo entre Agamemnon e Aquiles, protegeu os heróis troianos Pandaros, Páris e Enéias, e também Heitor enquanto pôde, frustrou as investidas de Pátroclo, Diomedes e Aquiles, e foi quem conduziu a flecha de Páris que matou Aquiles.

Quando Glauco foi ferido por uma flecha de Teucros, orou para Apolo, que imediatamente fechou a ferida e devolveu-lhe as forças.

Macaon e Podalírio, dois filhos de Asklepios, um dos filhos de Apolo, também estavam presentes na batalha.

Foi quem curou as feridas de Sarpedon, foi o instrumento de Zeus para evitar a profanação do corpo do guerreiro quando este foi morto, e velou pelo corpo de Heitor.

Na Ilíada Apolo também aparece como o deus da música, tocando sua lira para o deleite dos imortais, e como o guardião dos cavalos de Eumelo, e do gado de Laomedonte.

No Hino a Apolo, Homero descreveu desde seu nascimento em até sua apoteose em Delfos.

O hino abre mostrando Apolo já adulto, como o arqueiro sublime, entrando no palácio dos deuses e inspirando o temor em todos.

Leto, sua mãe, o recebe e conduz ao seu assento entre os imortais, enquanto que seu pai Zeus lhe dá as boas-vindas, junto com os outros deuses.

Depois o poeta passa a descrever as circunstâncias de seu nascimento.

Leto, uma ninfa filha do titã Céos, foi amada por Zeus e engravidou de Apolo e Ártemis.

Hera, esposa legítima de Zeus, descobriu o romance e voltou sua ira para Leto, que se viu impelida em uma longa peregrinação para encontrar um lugar onde pudesse dar à luz, sempre perseguida pela serpente Píton, posta em seu encalço.

Parando na ilha de Ortígia, deu à luz Ártemis, mas só encontrou abrigo enfim em uma ilha flutuante, Delos, pois Hera ordenara a Gaia, a terra, que não oferecesse nenhum lugar de repouso para Leto.

Ao pisar na ilha, Leto falou-lhe implorando que a recebesse, e fazendo o grande juramento em nome do Estige, prometeu-lhe erguer um templo e consagrá-la a seu filho, com o que a ilha aquiesceu à sua súplica.

Entretanto, mesmo assistida pelas deusas Dione, Réia, Icnéia, Têmis e Anfitrite, por nove dias e nove noites Leto sofreu as dores do parto sem que Apolo nascesse, uma vez que Hera havia impedido Ilítia, a deusa dos partos, de socorrê-la.

Mas as deusas finalmente enviaram Íris, a mensageira dos deuses, para que seduzisse Ilítia com a oferta de um magnífico colar de ouro e âmbar de nove cúbitos de comprimento, e assim, antes que Hera protestasse, carregada pela veloz Íris ela desceu do Olimpo para ajudar Leto, e logo Apolo nasceu.

O infante foi então banhado pelas deusas, envolto em faixas e ornado com uma coroa de ouro. Antes que mamasse em sua mãe, Têmis deu-lhe de beber o néctar dos deuses, e fê-lo comer a ambrosia divina, conferindo-lhe a imortalidade.

Imediatamente tornou-se adulto, soltou-se das faixas, bradou reivindicando a lira e o arco, e declarou-se o porta-voz da vontade de Zeus. Sua luz refulgiu, e Delos floresceu em ouro.

Em seguida Homero o mostra de novo no Olimpo, tocando sua lira e presidindo o coro das Musas, e logo o faz descer do céu e percorrer a Terra, procurando onde fundar seu culto.

Chegando junto à fonte Telfusa, viu que era um local sobremaneira aprazível para erguer um templo e estabelecer um oráculo, mas a fonte advertiu-o que ali os homens ergueriam uma cidade barulhenta e não lhe dariam a devida atenção, e sugeriu que ele fundasse seu oráculo nas silenciosas encostas do monte Parnaso, o que ele fez, não sem antes matar o monstro Tífon, filho partenogênico de Hera, que ali vivia e devastava a região em torno, e a serpente Píton, que perseguira sua mãe.

Em seguida procurou seus primeiros sacerdotes e, disfarçado de delfim, capturou um navio cretense e levou seus marinheiros para o sítio que escolhera, impondo-lhes a obediência, dando-lhes a direção do templo e do oráculo e prescrevendo os rituais que deviam ser realizados.

Por ter-se revelado a eles sob a forma de um delfim, disse que deveria ser invocado sob o epíteto de Apolo Delfínio, e o oráculo se chamaria Oráculo de Delfos.

Em sua Teogonia, Hesíodo, mais ou menos contemporâneo de Homero, fez apenas uma breve alusão a Apolo, mas outros autores depois deles deram versões alternativas para sua história.

Diversas localidades reivindicaram o privilégio de serem seu local de nascimento: Éfeso, Tegyra, Zoster e Creta. Os egípcios e Cícero diziam que ele era filho de Ísis e Dionísio, e foi identificado também com os deuses solares Febo e Hélios, o egípcio Hórus, o Aplu etrusco e o Mitra oriental.

Dizia-se que ele nascera em um dia sete, ou que nascera precoce, de sete meses, e por isso o número sete lhe era sagrado.

Os dias sete de todos os meses lhe eram dedicados com sacrifícios, e seus festivais caíam geralmente num dia sete.

Era membro do concílio dos deuses principais no Olimpo, tinha o sol como sua carruagem e como regente das Musas residia também no Monte Parnaso, em cuja base estava seu principal oráculo.

Os animais a ele associados eram a serpente, o lobo, o delfim e o corvo, alguns autores acrescentam o cisne, o abutre e o grifo, e era amiúde representado com o arco e flechas, ou com a lira.

Sua planta sagrada era o loureiro, com cujas folhas eram confeccionadas as coroas dos vencedores dos Jogos atléticos.



A atualidade do mito

Em tempos recentes o mito de Apolo continuou sendo trabalhado.

Durante o Iluminismo seu papel de fonte da luz da Razão e dissipador da ignorância e do erro se tornou generalizadamente reconhecido, mas também a universalidade da sua luz deu margem a interpretações que justificavam a erradicação de potenciais divergências e particularismos individuais.

Winckelmann, porém, o maior teórico dos neoclássicos, o colocou nas alturas, dizendo que a descrição de Apolo exige o estilo mais sublime: uma devoção a tudo o que se refira à humanidade.

Com os românticos sua posição variou; Shelley o viu mais como um símbolo da tirania cultural e política,John Ruskin o considerava o símbolo da luz combatendo as trevas, e o poder da vida combatendo a decrepitude. e Oscar Wilde o via como uma imagem da pureza do mundo natural em contraste com a decadência da civilização, mas entre os acadêmicos desde o século XIX se tornou patente a importância do estudo dos mitos para prover uma chave de interpretação da sociedade e do homem modernos, com estudos pioneiros realizados por Friedrich Max Müller no campo da Religião Comparada e Friedrich von Schelling na área da Filosofia da Mitologia, entre outros.

Para Nietzsche Apolo era o deus dos sonhos, em contraste com Dionísio, o deus das intoxicações, e ambos os estados eram para ele os protótipos originais de toda a arte (Urbilder), nos quais os instintos artísticos da Natureza, a Unidade Primordial, encontram sua suprema e imediata satisfação.

Nietzsche acreditava que as figuras divinas gloriosas apareceram para os mortais primeiro em sonhos, e que o valor dos sonhos estava em que o homem esteticamente sensível mantinha uma relação com os sonhos que era a mesma que os filósofos mantinham com a realidade da existência; o homem sensível era, assim, também um observador da vida, pois as imagens oníricas forneciam uma interpretação para a sua vida, e por isso os sonhos eram vivenciados pelos homens como uma necessidade jubilosa e como uma fonte de prazer intenso.

Seguia dizendo que a necessidade jubilosa da experiência onírica havia sido corporificada pelos gregosem seu Apolo, que se elevava então como a imagem gloriosa e o agente do processo de individuação, um processo que se caracteriza pelo equilíbrio e moderação, lembrando os ditos associados desde longa data a Apolo, inscritos no seu templo em Delfos, que recomendavam o autoconhecimento e a moderação.

Em outras palavras, Apolo e Dionísio eram pólos complementares de uma mesma essência, e a desordem irracional, a vitalidade exuberante, a instabilidade e fugacidade das impressões dionisíacas deviam ser tornadas objetivas, fixas, compreensíveis e transmissíveis através do poder moderador, articulador e organizador de Apolo.

Com sua teoria de contraste complementar entre o apolíneo e o dionisíaco - que de fato já era clara para os próprios gregos antigos - ele lançou as bases imediatas para sua elaboração posterior pela Psicologia, Estética, Arte e Filosofia modernas, numa discussão que continua até os dias de hoje e vem sendo trabalhada por grande número de autores, expandindo-a para outras áreas do saber.

Para Carl Jung Apolo representava uma tipologia psicológica específica, caracterizada pela introspecção, introversão e contemplação. James Hillman e William Guthrie consideraram o princípio apolíneo, ou pelo menos uma absorção de traços de seu perfil, como indispensável quando uma pessoa necessita de um senso de forma, de disciplina, de distanciamento, de clareza de pensamento e objetividade, e, para Gregory Nagy, Apolo é uma imagem da palavra à espera da concretização, de uma juventude que nunca chega à maturidade, de um homem que jamais supera o seu pai.

Vincenzo Vitiello viu em Apolo uma prefiguração mítica do conceito de que toda a tradição filosófica do ocidente pode ser descrita como um esforço continuado para o desenvolvimento da faculdade de pensar.

Também leu seu mito como um relato da violência necessária para a estruturação do cosmos a partir do caos.

Trindade & Schwartz usaram as relações entre Têmis e Apolo para debater o processo de dessacralização do sistema judiciário moderno, considerando que Têmis dera a ambrosia e o néctar para Apolo em seu nascimento, e que ela era uma divindade tutelar anterior do oráculo que Apolo assumiu em Delfos.

Para os autores, Têmis representa a Justiça em abstrato, e Apolo o instrumento de sua difusão entre os homens, mas através de uma sensibilidade que chamam de poética e divinamente inspirada.

Diante do que vêem como uma banalização tanto da Justiça como da Arte nos dias de hoje, advogam a restauração da conexão antiga entre Apolo e Têmis, a fim de que se reconduza as pessoas a um plano em que seja possível compreender a beleza da Lei, reconhecer a distinção entre certo e errado e aceitar a autoridade da Justiça como essencial para o processo civilizador, do qual Apolo é o símbolo.

De acordo com Vilanova Artigas, Apolo é um símbolo da aceitação da sociedade como ela é, mas também de um projeto de melhoramento potencialmente infinito através da fidelidade a princípios de ordem, disciplina, consciência e lei, e das tecnologias que a cultura possa desenvolver, em benefício de todos.

Mas para Cosgrove a imagem do universalismo apolíneo tem aspectos problemáticos para a contemporaneidade, tendo gerado políticas imperialistas que se por um lado foram importantes para consolidar um senso de identidade para os ocidentais, por outro repercutiram de forma negativa em outras regiões do planeta, com o resultado da dominação injustificada de outras nações pelos países do ocidente e a aparição de profundos dilemas éticos a respeito de direitos humanos, e também deram margem a idéias de domínio sobre a Natureza que trouxeram graves consequências para a ecologia mundial.

Também o patriarcalismo que norteou a concepção apolinea representou uma fonte de opressão para o universo feminino. O autor, porém, pensa que a imagem de Apolo é excessivamente complexa e rica para ser reduzida a qualquer abordagem focal, e sua importância se prova pela imensa gama de ecos que produziu em inúmeras áreas da vida humana ao longo da história.

Entre seus pontos positivos para a cultura contemporânea, para ele, está o de ser o modelo de um mundo integrado e harmônico, de uma esfera de beleza e vitalidade, banhada em uma visão beatífica e poética que não exclui o estímulo ao progresso científico, cujo testemunho mais óbvio foi a denominação do projeto espacial norteamericano de Programa Apollo.



Amantes e descendência

Apolo teve um grande número de amores, masculinos e femininos, mortais e imortais, mas geralmente não foi correspondido, ou quando foi, alguma tragédia interrompeu o romance. Aqui são citados apenas alguns, lembrando que de acordo com as várias fontes podem ser encontradas versões divergentes de cada história.

Ovídio disse nas Metamorfoses que o primeiro amor de Apolo foi Dafne, uma ninfa, mas o amor acabou frustrado por Eros, que lançando sua flecha de chumbo contra a ninfa, fê-la rejeitar o deus, enquanto que dirigindo sua flecha de ouro para Apolo, provocou-lhe intensa paixão.

Teve motivos para isso, pois Apolo havia desdenhado da habilidade do deus do amor com o arco e gabado suas próprias vitórias.

Depois de ser incansavelmente perseguida por Apolo, Dafne suplicou para seu pai para que fosse transformada em um loureiro. Apolo declarou então que o loureiro seria sua árvore sagrada.

Os vencedores dos Jogos recebiam uma coroa de folhas de loureiro. Ciparisso era especialmente afeiçoado a um cervo domesticado.

Acidentalmente matou-o com seu dardo, e, inconsolável, pediu para Apolo, que o amava, para pranteá-lo para sempre.

Apolo atendeu ao seu pedido transformando-o em cipreste, que tornou-se uma árvore símbolo do luto. Hermes e Apolo disputaram o amor de Quione, por sua grande beleza.

Temeroso que Apolo a ganhasse, Hermes tocou seus lábios com o caduceu, fê-la dormir e a possuiu.

Não obstante, Apolo, disfarçado de uma velha, penetrou no seu quarto e a amou também.

De Hermes Quione concebeu Autólico, e de Apolo, Filamon, mas orgulhou-se demasiado disso, julgando-se mais bela que Ártemis.

Então a deusa injuriada a matou. O pai de Quione, tomado pela dor, jogou-se de um penhasco, mas Apolo o transformou em uma águia feroz.

Corônis lhe deu como filho Asclépio, mas o traiu, e por isso morreu pela seta do deus ultrajado. Asclépio, tornando-se um mestre na arte de curar tão poderoso que podia ressuscitar os mortos, ameaçava com isso o poder soberano de Zeus, ultrajava Têmis e roubava súditos a Hades, pelo que foi morto pelo raio de Zeus.

Para vingar-se, como não podia voltar-se contra seu pai, Apolo matou os Cíclopes, que haviam forjado os raios, e por isso foi castigado.

Deveria ter sido desterrado para o Tártaro, mas graças à interferência de sua mãe o castigo foi comutado em um ano de trabalhos forçados como um mortal para o rei Admeto.

Sendo bem tratado pelo rei durante sua expiação, Apolo ajudou-o a obter Alceste e a ter uma vida mais longa que a que o destino lhe reservara.

Uma versão da história a amplia, e diz que enquanto Apolo estava entre os mortais ensinou-lhes a música, a dança e todas as artes e ofícios que tornam a vida mais agradável; ensinou às pessoas também os jogos atléticos, a caça, a contemplação da natureza e a percepção de suas belezas próprias, e todo o dia parecia um dia de festa.

Os deuses, vendo que a vida na Terra se tornava mais aprazível que a sua, chamaram de volta Apolo para o Olimpo.

Também disputou o amor de Marpessa com Idas, e Zeus ordenou que ela escolhesse entre ambos.

Temendo ser rejeitada quando ficasse velha e perdesse sua beleza, ela decidiu por Idas.

Desejou a princesa troiana Cassandra, e deu-lhe como presente o dom da profecia. Mesmo assim ela repudiou o deus, e Apolo a puniu fazendo com que ninguém acreditasse nela, embora suas profecias se revelassem depois sempre verdadeiras.

Destino semelhante teve a Sibila de Cumas, que exigiu o prolongamento de sua vida em tantos anos quantos os grãos de areia que tinha na mão.

Concedido o favor, ela negou seu amor, e então Apolo não revogou-lhe o dom, mas fez com que sua beleza e juventude não fossem preservadas ao longo de sua vida de milênios, envelhecendo até se tornar uma criatura horrenda, seca e encarquilhada, escondida dentro de um vaso, cujo único desejo era morrer.

Entretanto, Apolo foi feliz com Cirene, uma ninfa, tendo o filho Aristeu, que se tornou uma deidade da vegetação e agricultura.

Amou tão intensamente o formoso Jacinto que, segundo Ovídio, esqueceu de si mesmo, do arco e da lira, e passava todo o seu tempo longe de Delfos entretendo-se com o jovem.

Mas Jacinto também era o predileto do vento Zéfiro, que invejoso da primazia de Apolo sobre o coração do jovem, num dia em que eles jogavam o disco, desviou o lance de Apolo, e o disco atingiu Jacinto, matando-o.

Cheio de tristeza, Apolo impediu que ele fosse levado por Hades, e o transformou em uma flor que recebeu seu nome.

Uma das lágrimas de Apolo tocou numa das pétalas, deixando uma marca.

Jacinto mais tarde recebeu um culto próprio importante, especialmente cultivado em Esparta, e festivais dedicados a ele ainda sobrevivem nos dias de hoje.

Com Creúsa gerou Íon, o fundador mítico do povo jônico.

De Dríope gerou Anfiso; com Hécuba, esposa de Príamo, às vezes se diz que gerou Troilo, príncipe de Tróia.

De Manto, uma vidente, teve Mopso, um profeta.

Teve ainda romances com algumas Musas: com Tália foi o pai da geração dos Coribantes, monstros seguidores de Dionísio, e com Urânia gerou os músicos Lino e Orfeu.

A tradição sobre Pitágoras o refere ou como um filho ou como uma verdadeira encarnação de Apolo.



Outras histórias

Depois do esquartejamento de Orfeu, Apolo impediu que uma serpente comesse sua cabeça, transformando o réptil em pedra.

Apolo matou os filhos de Níobe, vingando a ofensa que esta havia proferido contra sua mãe Leto, gabando-se de ter muitos filhos, enquanto Leto havia tido apenas dois.

Matou também os Aloídas, gigantes filhos de Posidon, que ameaçavam o Olimpo.

Enviou duas serpentes para matar seu sacerdote Laocoonte e seus filhos, pois ele o havia ofendido quebrando seu voto de castidade.

Quanto à música, há uma lenda a respeito da origem da lira e da syrinx, uma espécie de flauta.

Enquanto servia o rei Admeto, Apolo enamorou-se de Himeneu a ponto de esquecer seu trabalho como guardador dos rebanhos do rei.

Aproveitando-se disso, Hermes, seu irmão por parte de Zeus, roubou o gado.

Apolo o acusou junto a Maia, mãe de Hermes, mas ela não lhe deu fé. Zeus então ordenou que Hermes devolvesse as reses, mas Apolo o viu tocando a lira, que ele havia inventado afeiçoando o casco de uma tartaruga como o corpo do instrumento, e usando tripas de vaca como suas cordas. Apolo ficou tão encantado que em troca do gado a pediu para si.

Mais tarde Hermes inventou a syrinx, que Apolo também desejou para si, mas em retorno Hermesexigiu que seu irmão lhe ensinasse a arte da profecia.

Apolo concordou, e deu ainda para Hermes seu cajado de pastor, que se transformou no caduceu hermético.

Apolo competiu em um concurso musical com Cíniras, seu filho, que perdeu e cometeu por isso o suicídio.

Competiu também com o sátiro Mársias, e foi ajustado de antemão que se Mársias perdesse, seria esfolado vivo.

Perdeu, e sofreu a consequência trágica.

Toda a natureza chorou Mársias, e suas lágrimas, colhidas pela terra, drenaram para suas veias exangues, e ele se transformou em um rio, que recebeu seu nome.

Competiu também com Pã, quando foi juiz o rei Midas.

Dando Pã como vencedor, Midas foi punido pelo deus da música recebendo orelhas de burro.

Segundo Ovídio, através do poder de sua música Apolo construiu as muralhas de Tróia.



Representações

As estátuas e pinturas de Apolo o mostram um homem jovem, no auge de sua força e beleza.

Muitas vezes está nu, ou veste um manto.

Pode trazer uma coroa de louros na cabeça, o arco e flechas, uma cítara ou lira nas mãos.

Às vezes a serpente Píton também é representada, ou algum outro de seus animais simbólicos, como o grifo e o corvo.

Nas pinturas e mosaicos pode ter uma coroa de raios de luz ou uma auréola.

Suas primeiras representações conhecidas datam do século VIII-VII a.C., onde ele aparece esquematicamente, sob a forma de um pilar cônico de pedra, sob o epíteto de Apolo Aguieus, o protetor dos caminhos, ou na forma de uma herma, uma coluna provida de cabeça, mãos e pés, somente.

Em Esparta foi encontrada uma imagem única, desaparecida em tempos modernos, um relevo que o representava com quatro braços e quatro orelhas, segurando em cada mão um manto, um ramo de oliveira, um arco e uma patena.

Também são conhecidos relatos literários de estátuas primitivas em madeira e estatuetas em bronze.

Representações mais acabadas aparecem em meados do século VI a.C., entre elas uma estátua criada por Dipoenus e Scyllis, seguindo a tipologia abstratizante do kouros do período arcaico, e nesta época ele já estava firmemente associado com os ideais de beleza, juventude, força e virtude sintetizados no conceito dakalokagathia.

De fato é possível que a simbologia apolínea tenha desempenhado um papel determinante na cristalização de toda a tipologia dokouros, e exercido assim uma influência central para toda a evolução subsequente da representação masculina na escultura grega.

Apenas do sítio arqueológico do santuário de Apolo Ptoos na Beócia foram encontrados cerca de 120 kouroi.

O Apolo arcaico mais célebre foi uma estátua em mármore produzida por Kanacos para o templo de Dídima perto de Mileto, em torno do fim do século VI a.C.

Na invasão persa foi capturada e levada para Ecbátana, sendo devolvida depois.

Diversas moedas mostram essa estátua, e possivelmente foi reproduzida em bronze em tamanho menor. O conhecido Apolo de Piombino pode tratar-se de uma dessas cópias.

Do período severo, em sequência, sobrevivem algumas obras muito significativas, o Apolo Alexikakos, o que afasta o mal, de autoria de Kálamis, oApolo de Mântua, atribuído a Hegias, e o Apolo do Mestre de Olímpia, instalado no frontão do templo de Zeus em Olímpia, já mostrando um trabalho de observação da anatomia humana muito mais detalhado.

Algumas peças deste período também introduzem variações na figura, cobrindo-o de mantos que escondem sua nudez.

Poucas evidências restam do período do alto classicismo, sabe-se que Fídias produziu vários Apolos, mas não chegaram a nossos dias, salvo o Apolo de Kassel e o Apolo do Tibre, cuja atribuição não é totalmente garantida, mas dos períodos clássico tardio, helenista e romano os museus guardam diversas peças, entre elas o célebre Apolo Belvedere, de Leocarés, talvez a mais afamada de todas as estátuas de Apolo, o Apolo sauróctono e oApolo lício, de Praxíteles, e várias versões do Apolo citaredo, das quais são importantes as dos Museus Capitolinos, do Museu Britânico, da Gliptoteca Ny Carlsberg, do Museu Pergamon e do Museu Nacional Romano.

Também são notáveis as representações pictóricas do deus, encontradas em grande número de vasos de todos os períodos, ilustrando vários episódios de seu mito.

Sua figura, através da expansão helenística para o oriente, foi uma influência na cristalização da iconografia do Buda desenvolvida pela escola Gandhara, na Índia.

Depois de um eclipse ao longo da Idade Média, no Renascimento voltou a ser representado com frequência, em todos os ramos da arte, e continua a sê-lo nos dias de hoje.

Entre os pintores célebres que deixaram obras sobre ele se contam Andrea Mantegna, Lucas Cranach, Piero Pollaiuolo, Dosso Dossi, Palma il Giovane, Rafael Sanzio, Giovanni Battista Tiepolo, Pompeo Batoni, Claude Lorrain, Diego Velázquez e José de Ribera. Entre os escultores, Baccio Bandinelli, Adriaen de Vries, Gian Lorenzo Bernini, Nicolas Coustou e Jean-Antoine Houdon.

Cite-se também alguns exemplos literários - além dos poetas clássicos mencionados antes, Friedrich Schiller,Jonathan Swift, e Camões escreveram poemas para ele; foi citado várias vezes em obras de Dante Alighieri, Lope de Vega, Shakespeare, Cervantes, Chesterton, Alexander Pope, John Milton, Coleridge, Charles Dickens, Victor Hugo, Nathaniel Hawthorne e Oscar Wilde, entre muitos outros.

Na música apareceu nas óperas L'Orfeo de Claudio Monteverdi, La descente d'Orphée aux enfers de Marc-Antoine Charpentier,Apollo e Dafne de Haendel e Apollo et Hyacinthus de Mozart, e no bailadoApollon Musagète de Igor Stravinsky, entre outras peças.

O deus é invocado ainda hoje quando os médicos fazem o Juramento de Hipócrates, e seu nome é usado atualmente para identificar uma infinidade de empresas, casas de espetáculo, instituições e produtos comerciais em todo o mundo.

É nome de pessoas e famílias, de um grupo de asteroides, de cidades - Apolo (Bolívia), Apollo (Pensilvânia) -, de uma borboleta (Parnassius apollo), de uma proteína humana e de uma variedade de aspargo, e o conhecido programa espacial norteamericano Apollo foi denominado à lembrança do deus grego.



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