Em mitologia, e particularmente na grega, o termo ctónico designa ou refere-se aos deuses ou espíritos do mundo subterrâneo, por oposição às divindades olímpicas.
Por vezes são também denominados "telúricos".
A palavra grega χθών (khthōn) é uma das várias que são usadas para "terra", e refere-se tipicamente ao interior do solo mais do que à superfície da terra (como γαιη gaia ou γε gê) ou à terra como território (como χορα khora).
Evoca ao mesmo tempo a abundância e a sepultura.
Deuses Ctónicos e Deuses Olímpicos
Enquanto termos como "divindade da terra" têm implicações mais amplas, os termos khthonie e khthonios têm um significado mais técnico e preciso em grego, referindo-se antes de mais nada à forma como se ofereciam sacrifícios ao deus em questão.
No culto ctónico típico, o animal vítima era massacrado num bothros (βοθρος, "poço") ou megaron (μεγαρον, "câmara afundada").
No culto aos deuses olímpicos, pelo contrário, a vítima era sacrificada sobre um bomos (βομος, "altar") elevado.
As divindades ctónicas também tendiam a preferir as vítimas negras sobre as brancas, e as oferendas eram normalmente queimadas inteiras ou enterradas em vez de ser cozinhadas e repartidas entre os devotos.
Tipo de culto em relação à função
Ainda que os deuses e deusas ctónicos tivessem uma relação genérica com a fertilidade, não tinham um monopólio sobre esta, nem eram os deuses olímpicos totalmente indiferentes à prosperidade da terra.
Assim, ainda que tanto Deméter como Perséfone cuidassem de vários aspectos da fertilidade da terra, Deméter tinha um culto tipicamente olímpico enquanto que o de Perséfone era ctónico.
Para tornar tudo ainda mais confuso, Deméter era adorada ao lado de Perséfone com ritos idênticos, e mesmo assim era ocasionalmente classificada como uma olímpica na poesia e nos mitos.
Entre ambos
As categorias olímpica e ctónica não eram, no entanto, totalmente estritas.
Alguns deuses olímpicos, como Hades e Hermes, também recebiam sacrifícios e dízimos em alguns locais, Hades por exemplo mesmo sendo um Deus do Olimpo, era tido como o principal do panteão Ctónico, já que seus domínios compreendiam as porfundezas da terra.
Os heróis deificados Herácles e Esculápio podiam ser adorados como deuses ou como heróis ctónicos, dependendo da região.
Além disso, algumas divindades não são facilmente classificáveis sob estes termos.
A Hécate, por exemplo, era costume oferecer cachorros nas encruzilhadas, o que seguramente não era um sacrifício olímpico, nem tampouco uma oferenda típica a Perséfone ou aos heróis.
Mas, devido às suas funções no mundo subterrâneo, Hécate é geralmente classificada como ctónica.
Referências contemporâneas
- O autor de novelas de horror Brian Lumley aplicou o termo "ctónico" a uma espécie fictícia nas suas contribuições aos mitos de Cthulhu de H.P. Lovecraft.
Divindades Ctónicas (da terra)
- Hades Senhor do submundo
- Gaia
- Reia (Cibele)
- Eumênedes (Erínias)
- Hécate
- Deméter
- Horas
- Graças
- Dioniso
- Perséfone
- Hespérides
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