segunda-feira, 20 de junho de 2011

O LEITO DE PROCRUSTO !!




Procusto era um assassino grego da Ática, antiga região da Grécia. Um assassino extremamente sanguinário. De acordo com a lenda, Procusto oferecia pousada a solitários viajantes que passavam pela floresta onde vivia, tentando demonstrar bondade e compaixão, dando conforto às suas vítimas. Então suas vítimas eram amarradas e Procusto as deitavam num leito de tamanho único.

Quando sua vítima era alta, Procusto cortava seus pés até que a pessoa se encaixasse perfeitamente no leito, e quando sua vítima era baixa, era usado um mecanismo para estirar o corpo até que este ficasse do tamanho perfeito da cama.

Suas terríveis torturas continuaram até que o herói Teseu o capturou. O herói prendeu Procusto e o deitou lateralmente em sua própria cama e cortou-lhe a cabeça e os pés, aplicando-lhe o mesmo suplício que infligia aos seus hóspedes.

Procrusto significa "o esticador", em referência ao castigo que aplicava às suas vítimas. A mesma personagem é às vezes referida como Polipémon ou Damastes.

O mito é usado como metáfora para criticar tentativas de imposição de um padrão.


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Conhecido por ser um bandido que vivia na serra de Elêusis, Procrusto possuia em sua casa uma cama de ferro de seu exato tamanho. Ele convidava os viajantes que por ali passavam a deitarem-se, e então torturáva-os de forma que coubessem perfeitamente na cama. Os muito altos eram mutilados, e os muito baixos eram esticados até que adquirissem o tamanho desejado por Procrusto. Ninguém sobrevivia, pois ninguém conseguia de fato adequar-se à cama.

Por mais fantástico que seja o mito, não parece um pouco familiar?

O fato é que muitos possuem a Síndrome de Procrusto. Pessoas que desrespeitam a individualidade alheia e tendem a alterar, "enquadrar" outras pessoas de forma a encaixarem em seus padrões pessoais.

A Síndrome de Procrusto afeta, principalmente, relacionamentos. As pessoas não se apaixonam mais umas pelas outras, e sim por aquilo que idealizam que o outro seja. E, conforme o tempo vai passando, elas vão, com muito esmero, lapidando um ao outro de forma a transformar o que julgam ser "pedras brutas" em belas jóias. As jóias que sempre desejaram ter.

Todavia, como no caso de Procrusto, ninguém consegue adequar-se perfeitamente a outro alguém. Esse tipo de comportamento coercivo trouxe fim à era do "felizes para sempre". Os casais já não se esforçam para superar as diferenças um do outro, a individualidade não é mais respeitada e não existe mais o amor um pelo outro. O amor é por aquilo que o parceiro pode vir a se tornar e, como não se torna, é visto como indigno daquele sentimento. Então é descartado, como um bagaço de fruta após ter sido extraído o suco.

O sentimento e o relacionamento foram banalizados. As pessoas perderam seu valor e as peculiaridades, antes tão atrativas e instigantes, agora não passam de mais um mancha no cristal.

Não sei quando o amor tornou-se grande demais para a cama, mas acredito que tenha sido mutilado, e dele sobraram apenas as histórias anteriores aos tempos de Procrusto.


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