terça-feira, 21 de junho de 2011

A LENDA DA GRUTA QUE CHORA !!







Diz a lenda que nesta gruta habitava um monstro que se transformava em homem todas as noites. Havia alí uma linda jovem que se apaixonou por este homem permitindo que ele entrasse em seu quarto todas as noites.

Logo sua mãe percebeu que havia algo errado já que a jovem Iracema sentia sono durante o dia, conversou com seu esposo sobre tal desconfiança, o pai de Iracema resolveu então que iria investigar. Ao cair a noite este ficou espionando até que viu tal rapaz entrando no quarto de Iracema.

Espantado, o seguiu e viu quando ele entrou na gruta e se transformou em um monstro horrível com cabeça de dragão e corpo de serpente.

Sem saber o que fazer ele procurou Frei Bartolomeu que estava na região em homenagem ao centenário do Padre José de Anchieta. o frei e a comunidade vieram até o local e jogaram alí água benta expulsando tal monstro que se foi para nunca mais voltar.

Iracema que apaixonada já não seria feliz sem seu amado e adentrou à gruta, segundo antigos moradores Iracema continua lá até hoje e chora a cada vêz que ouve vozes porque pensa que pode ser seu amado que volta para estar com ela.

Pobre Iracema ! Muitos visitantes vem em busca destas lágrimas que acreditam estarem misturadas à água benta deixada pelo Frei Bartolomeu. Dizem até que estas lágrimas são capazes de realizar sonhos românticos.



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Contam lá nas bandas da Sununga que há bastante tempo um moça muito bonita, de nome Marcelina, vivia com sua mãe na mais completa alegria.

A jovem tinha a pele suavemente morena, olhos claros e cabelos negros, era belíssimo seu corpo de menina nova, graciosa como o quê.

De uma hora para outra, sem que nada acontecesse, Marcelina deixou-se cair prostrada em sua cama simples, sem vontade nenhuma, nem sorrir a bela moça queria.

Sua mãe, Sinhá Anália, já havia percebido, não sem preocupação, que a menina estava diferente e parecia piorar conforme os dias se sucediam.

Tentou de tudo, chás de ervas, banhos de folhas e flores, mas nada fazia efeito.

Sinhá Anália contava para as comadres o que estava acontecendo com sua menina e todos diziam que era problema de idade.

Inconformada, perguntava à filha o que estava acontecendo, mas a menina era categórica, jurava que nada havia de errado e que comia pouco ou quase nada para não ficar gorda como umas mulheres que vira na cidade certa vez.

Não podia ser normal aquilo, Sinha Anália bem o sabia, ainda mais depois que virou rotina acordar durante a madrugada com os soluços da filha.

Como pensasse que era tristeza, conteve ao máximo seu ímpeto de correr ao quarto de Marcelina para saber o que se passava.

Até que não resistiu e surpreendeu a moça soluçando palavras desconexas, como se pedisse para alguém não partir.

A garota estava sozinha no quarto!

Depois de ser flagrada pela mãe, não restou alternativa a não ser contar a verdade.

Foi com perplexidade que a mulher ouviu palavra por palavra, tudo meio sem nexo, sobre a história do dragão que morava na Toca da Sununga. Todo mundo conhecia o caso na região e até mesmo evitava passar por aquelas bandas.

Os pescadores nem se atreviam a chegar perto porque as ondas gigantes engoliam canoa, rede, tudo.

As pessoas sabiam que o tal monstro existia, mas só Seu Antero tinha visto.

Era um bicho horroroso, tinha metade do corpo de dragão e a outra metade era roliça, como uma cobra, e se rastejava no chão.

Pois bem, desde que Seu Antero falou do dragão que vivia na gruta, Marcelina não parou de pensar nele, com um misto de medo e curiosidade.

Contou à mãe que de tanto pensar no bicho, ele foi lá ter com ela, entrou no quarto no meio da madrugada.

Vendo o assombro de Sinhá Anália, tentou acalmar a mãe, já idosa, dizendo que ele ficou encolhido, tão pequeno, que parecia não fazer mal a ninguém, até que virou um homem.

A mulher não podia crer no que estava ouvindo, era loucura da sua filha, teria que chamar um doutor, aquilo de mostro virar homem não era certo, ainda mais dentro de sua própria casa.

Depois falou que tinha passado a noite embalada nos braços daquele lindo moço de olhos claros.

Mesmo depois de uma noite tão especial, a garota sentiu-se infeliz porque o moço partiu logo ao amanhecer, quando o galo cantou três vezes.

Ela ficou no quarto chorando, sem disposição para nada, só pensava em esperar a noite chegar para receber a visita do amado.

Agoniada, a mãe da jovem, só podia rezar para todos os santos que conhecia, até promessa fez.

Demorou muito tempo para aparecer um velho pobre, andarilho, batendo à porta de Sinha Anália em busca de um prato de comida.

Ao entrar na casa, como faltasse assunto, a mulher foi logo narrando o drama de sua filha.

Ouviu calado, inexpressivo, e ao fim do relato, disse já ter ouvido, bem longe dali, falar do monstro que atormentava a população daquele bairro.

Por tal motivo ele estava lá, para expulsar aquela criatura do mal.

Era uma espécie de mago e sabia como fazer isto.

Logo o bairro todo estava sabendo da vinda do ancião e na manhã seguinte todos se acotovelavam em frente à Toca da Sununga.

Já no local, o pobre monge ergueu os braços e fez o sinal da cruz, acompanhado de todos que estavam lá, fez uma prece ao Senhor e espargiu sobre a pedra que forma a toca um pouco da água que carregava consigo.

Para espanto dos presentes, imediatamente um trovão violento fez estremecer a terra, e o mar se agitou violentamente, avançando sobre a praia, chegando a bater nas rochas.

Depois as águas recuaram e o mar abriu-se ao meio, bem em frente à toca, por onde o mostro passou, horripilante, rugindo, para se esconder definitivamente nas profundezas do oceano.

Ninguém mais até hora ouviu falar do dragão. Dizem que Marcelina viveu por muito tempo, acanhada e triste, porém bela como sempre fora!


“ Hoje, quem se postar no interior da lendária gruta, perceberá cair lá de cima, das ranhuras da pedra, uma seqüência de pequeninas gotas que se infiltram na areia branca e fina que alcatifa o chão.

Dizem alguns que são remanescentes gotas da água benta espargida pelo monge, que ainda caem a fim de que o dragão jamais possa voltar.

Outros, porém, afirmam que são lágrimas de Marcelina, que lá voltou muitas vezes na esperança de que o dragão, feito moço bonito, ainda voltasse para ficar com ela a noite inteira até os albores da manhã ! ”.


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