A DESCOBERTA :
A pedra foi encontrada no Egito em agosto de 1799,
por soldados do exército de Napoleão Bonaparte, particularmente
por um oficial chamado Bouchard, enquanto conduziam
um grupo de trabalho de engenheiros para o Forte Julien,
cerca de 56 km ao leste de Alexandria.
Devido aos termos da capitulação francesa
diante do Reino Unido em 1801, a pedra foi cedida
às autoridades militares britânicas e depositada no Museu Britânico,
onde se encontra até os nossos dias.
O bloco de pedra apresentava glifos cunhados
em três partes distintas.
Cada parte revelava um tipo de escrita que
em nada se assemelha às demais.
O VALOR :
Quando Napoleão, um imperador conhecido por sua ampla visão
da educação, arte e cultura, invadiu o Egito em 1798
e trouxe consigo um grupo de estudiosos, que foram orientado
a levar à França todas as relíquias que considerassem
de interesse cultural ou artístico.
Pierre Bouchard, um dos soldados de Napoleão,
soube calcular o valor da pedra basáltica,
que tinha quase 1,4 m de comprimento e 85 cm de largura
num forte perto de Roseta.
Quando os britânicos derrotaram Napoleão em 1801,
se apropriaram da Pedra de Roseta.
Diversos estudiosos, entre os quais o inglês Thomas Young,
fizeram algum progresso na decifração inicial
dos hieróglifos da Pedra de Roseta.
Porém, foi o egiptólogo francês Jean-François Champollion (1790-1832),
ele mesmo professor de idiomas antigos, que finalmente
decifrou os hieróglifos, valendo-se de seu conhecimento
de grego como guia.
Os hieróglifos usavam figuras para representar os objetos,
sons e grupos de sons.
Uma vez que as inscrições da Pedra de Roseta foram traduzidas,
a linguagem e a cultura do Antigo Egito foram repentinamente abertas
aos cientistas como nunca antes.
O CONTEÚDO :
O faraó Ptolomeu V Epifânio havia concedido ao povo a isenção
de uma série de impostos.
Em sinal de agradecimento, os sacerdotes ergueram
uma estátua de Ptolomeu V em cada templo
e organizaram festividades anuais em sua honra.
Para deixar registrada para sempre tal decisão,
gravaram-na em várias estelas comemorativas
e colocaram uma delas em cada templo importante da época.
Os soldados de Napoleão encontraram uma dessas pedras.
Apesar de estar mutilada, foi possível reconstituir a totalidade
do texto original da estela, graças a outras cópias do decreto
que foram encontradas.
Ele reza :
" No decorrer do reinado do jovem
que sucedeu a seu pai na realeza,
Senhor dos Diademas, mui glorioso,
que estabeleceu o Egito
e foi piedoso perante os deuses,
triunfante sobre seus inimigos
e que restaurou a paz
e a vida civilizada entre os homens,
Senhor dos Festivais dos Trinta Anos,
semelhante a Ptah, o Grande,
um rei como Rá,
grande rei dos países Alto e Baixo,
progênie dos Deuses Filopatores,
aprovado por Ptah, a quem Rá
deu a vitória,
imagem viva de Amum,
filho de Rá,
PTOLOMEU, ETERNO,
AMADO DE PTAH, no nono ano,
quando Aetos, filho de Aetos,
era sacerdote de Alexandria
e os deuses Sóteres
e os deuses Adelphoi
e os deuses Evergetes
e os deuses Filopatores
e o deus Epifânio Eucaristo;
Pyrrha, filha de Philinos,
sendo Athlophoros de Berenice Evergetes,
Areia, filha de Diogenes,
sendo Kanephoros de Arsinoe Filadelfo;
Irene, filha de Ptolomeu,
sendo sacerdotisa de Arsinoe Filopator;
aos quatro do mes de Xandikos,
de acordo com os egípcios,
o 18ª de Mekhir.
O DECRETO
os Sacerdotes Principais
e Profetas
e aqueles que adentram
no templo interior
para paramentar
os deuses,
e os Portadores de Abano
e os Escribas Sagrados
e todos os demais sacerdotes
dos templos da terra que vieram
se encontrar com o rei em Mênfis
para a festa da assunção
de PTOLOMEU, ETERNO,
O BEM AMADO DE PTAH,
O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO,
o sucessor de seu pai
na realeza;
estando todos reunidos
no templo de Mênfis
nesse dia,
declaram que :
considerando
que o rei PTOLOMEU, ETERNO,
O BEM AMADO DE PTAH,
O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO,
o filho do rei Ptolomeu
e da rainha Arsinoe,
os deuses Filopatores,
foi um benfeitor tanto do templo
quanto daqueles que vivem nele,
bem como de seus assuntos,
sendo um deus oriundo de um deus
e de uma deusa amados de Hórus,
o filho de Ísis e de Osíris,
que vingou seu pai Osíris,
estando propiciamente
inclinado
em relação aos deuses,
destinou à renda
dos templos riquezas
e milho e empreendeu
muitas despesas
para a prosperidade
do Egito
e para a manutenção
dos templos
e foi generoso
sobretudo
com seus próprios meios;
e isentou alguns
e abrandou para outros
os impostos
e taxas cobrados no Egito,
para que essas pessoas
e todas as demais
pudessem viver
em prosperidade
durante seu reinado;
e considerando
que ele anulou os débitos
que numerosos egípcios
e o restante do reino
tinham com relação
à coroa;
e considerando que
para aqueles
que estavam presos
e aos que estavam
sob acusação
há muito tempo,
ele decidiu
aliviá-los das cargas
que pesavam contra eles;
e considerando
que ele confirmou
que os deuses
continuarão
a viver das rendas
dos templos
e das dotações
anuais recebidas,
tanto de grãos
quanto de bens,
bem como
das rendas destinadas
aos deuses
pelos vinhedos,
jardins
e outras propriedades
que pertenciam
aos deuses
durante o reinado
de seu pai;
e considerando
que ele também
decidiu,
em respeito
aos sacerdotes,
que eles não devem,
para admissão
ao sacerdócio,
pagar mais
do que as taxas
estabelecidas durante
o reinado do seu pai
e até o primeiro ano
do seu próprio reinado;
e desobrigou
os membros
das ordens sacerdotais
da viagem anual
a Alexandria;
e considerando
que ele decidiu
que não
haverá mais nenhum
recrutamento compulsório
para a marinha;
e que da taxa
sobre tecido de linho fino
pago pelos templos
à coroa
ele reduziu
dois terços;
e que qualquer
que tenham sido
as negligências
de tempos passados,
ele as corrigiu
devidamente,
destacando-se muito
particularmente
as taxas tradicionais
a serem pagas
apropriadamente
aos deuses;
e igualmente
a todos
ministrou justiça,
como Thoth,
o grande e grande;
e decretou
que aqueles
que retornam da guerra
e aqueles
que foram
espoliados
de seus bens
nas épocas
de turbulência,
devem,
no seu retorno,
ser autorizados
a ocupar suas
antigas propriedades;
e considerando
que ele autorizou
o desembolso
de grande quantidade
de dinheiro e grãos
para enviar a cavalaria,
a infantaria e a marinha
contra aqueles
que invadirem o Egito
por mar e por terra,
a fim de que os templos
e todos aqueles
que habitam na terra
possam estar
em segurança;
e que tendo
ido a Lycopolis,
no nomo de Busirite,
com um
abundante arsenal
e outras provisões,
para constatar
e dissipar
o descontentamento
provocado
por homens ímpios
que perpetraram danos
aos templos e
a todos os habitantes
do Egito,
ele a circunvalou
de pequenas colinas,
canais
e complicadas fortificações;
quando o Nilo,
que habitualmente
inunda as planícies,
teve uma
grande cheia
no oitavo ano
do seu reinado,
ele a evitou
construindo
em numerosos
locais desvios
para os canais,
por um custo irrisório,
e confiando
a guarda
desses locais
à cavalaria
e à infantaria,
em pouco tempo,
ele tomou de assalto
a cidade
e matou todos
os homens ímpios,
tal como
o fizeram Thoth e Hórus,
o filho de Ísis e Osíris,
em tempos passados,
para subjugar
os rebeldes
no mesmo distrito;
e como seu pai
havia feito
com os rebeldes
que haviam
molestado a terra
e lesado os templos,
ele veio a Mênfis
para vingar
seu pai
e sua própria realeza
e os puniu
como eles mereciam;
aproveitando-se
de sua vinda,
ele fez executar
as cerimônias
adequadas
da sua coroação;
e considerando
que ele dispensou
o que era
devido à coroa
pelos templos
até o seu oitavo ano,
não exigindo sequer
uma pequena quantidade
de milho ou dinheiro;
e que fez descontos
também
nas multas para
os tecidos de linho fino
não entregues à coroa
e para os que
foram entregues
diminuiu as taxas
pelo mesmo período;
e que ele também
isentou os templos
do imposto de uma medida
de grão para cada medida
de terra sagrada e,
da mesma forma,
de uma jarra de vinho para
cada medida
de terra dos vinhedos;
e considerando
que ele fez
muitas oferendas
a Ápis e a Mnevis
e aos outros
animais sagrados
do Egito,
pois ele é muito
mais preveniente
do que os reis
que o precederam
com relação a tudo
que lhes dizia respeito;
e que
para seus funerais ofertou
o que era conveniente
com prodigalidade e fausto,
e que o que foi pago
aos seus
santuários específicos
o foi regularmente,
com sacrifícios e festivais
e outras
observâncias costumeiras,
e que ele manteve a honra
dos templos do Egito
de acordo com as leis;
e que ornou o templo de Ápis
com um rico trabalho,
dispendendo com isso
grande quantidade de ouro,
prata e pedras preciosas;
e considerando que
ele fundou templos
e santuários e altares
e reparou aqueles
que necessitavam
de reparo,
tendo o espírito
de um deus benfeitor
no que diz respeito
à religião;
e considerando que,
após levantamento,
ele vem reconstruindo,
durante seu reinado,
os mais honoráveis
dos templos,
como se fazia
necessário;
em recompensa pelo
que os deuses
lhe têm dado saúde,
vitória e poder,
e todas
as demais coisas boas,
e ele e seus filhos
permanecerão
na prosperidade
por todos os tempos.
COM FORTUNA PROPÍCIA :
Foi decidido
pelos sacerdotes
de todos os templos
da terra
aumentar grandemente
as honras devidas
ao Rei
PTOLOMEU, ETERNO,
O BEM AMADO DE PTAH,
O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO,
igualmente
as de seus pais,
os Deuses Filopatores,
e as de seus ancestrais,
os Grandes Evergetes
e os Deuses Adelphoi
e os Deuses Sóteres
e colocar no local
mais proeminente
de cada templo
uma imagem
do ETERNO REI PTOLOMEU,
O BEM AMADO DE PTAH,
O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO,
que será chamado
simplesmente "PTOLOMEU,
o defensor do Egito",
ao lado do qual
deverá permanecer
o deus principal
do templo,
entregando-lhe
a cimitarra da vitória,
e tudo será fabricado
segundo os
usos e costumes
egípcios;
e que os sacerdotes
prestarão homenagem
às imagens
três vezes por dia,
e colocarão sobre elas
as vestimentas sagradas,
e executarão
outras devoções
habituais
como são devidas
aos demais deuses
nos festivais egípcios;
e construir para o rei
PTOLOMEU,
O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO,
descendente
do Rei Ptolomeu
e da Rainha Arsinoe,
os deuses Filopatores,
uma estátua
e um santuário
de ouro
em cada um
dos templos,
e colocá-lo
na câmara interior
com os
outros santuários;
e nos grandes festivais
nos quais
os santuários
são levados
em procissão,
o santuário do
DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO
será levado
em procissão
junto com os demais.
E para que ele possa
ser facilmente
reconhecido agora
e para todo o sempre,
deverão ser colocadas
sobre o santuário
dez coroas reais de ouro,
às quais será acrescida
uma naja,
à semelhança de todas
as coroas ornadas
com najas
que estão
sobre os demais santuários,
no centro da coroa dupla
que ele usava
quando adentrou
o templo de Mênfis
para realizar
as cerimônias
de sua coroação;
e na superfície
que rodeia as coroas,
ao lado da coroa
acima mencionada,
deverão
ser colocados
símbolos de ouro,
em número de oito,
significando que esse
é o santuário do rei
que uniu
os países Alto e Baixo.
E como
o aniversário do rei
é celebrado no
30º dia de Mesore
e como também
se celebra o
17º dia de Paophi,
dia em que ele
sucedeu a seu pai,
esses dias foram
considerados
como dias
de devoção
nos templos,
pois eles
são fontes
de grandes bençãos
para todos;
e foi decretado
ainda
mais que
um festival
terá lugar
nos templos
por todo o Egito
nesses dias
de cada mês,
acompanhados
de sacrifícios
e libações
e todas as
cerimônias costumeiras
dos outros festivais
e oferendas
serão feitas
aos sacerdotes
que servem
nos templos.
E um festival
terá lugar
em honra do Rei
PTOLOMEU, ETERNO,
O BEM AMADO DE PTAH,
O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO,
anualmente,
nos templos
por todos
os cantos da terra
no
1º dia de Thoth
durante cinco dias,
durante os quais eles
usarão guirlandas
e executarão
sacrifícios e libações
e outros
sacramentos habituais,
e os sacerdotes
de cada templo
serão chamados
os sacerdotes
do DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO
e mais os nomes
dos outros deuses
que eles servem;
e seu sacerdócio
será inscrito
sobre todos
os documentos oficiais
e será gravado
nos anéis que eles usam;
e os particulares
serão também
autorizados a assistir
os festivais
e a instalar o santuário
supra-mencionado
em suas casas;
executar as celebrações
supra-mencionadas
anualmente,
a fim de que todos
e cada um possa saber
que os homens
do Egito
exaltam e honram
o DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO,
o rei, de acordo com a lei.
Este decreto
será inscrito
sobre uma estela
de pedra
nos caracteres
sagrados e nativos
e gregos
e será erigida
em cada um dos templos
de primeiro,
segundo e terceiro graus,
ao lado da imagem
do Rei Eterno."
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